Privilégios
concentrados em determinados candidatos a vereador tendem a esvaziar chapas e
dificultar alcance do quociente eleitoral
Texto
de: Elvacy Venâncio dos Santos*
Para
ser feliz, uma família não precisa de muito, basicamente só irá necessitar da união
e amor entre os seus integrantes. Essa sabedoria é uma lição de vida que nem
todos seguem. Na cabeça de alguns, mais importante no seio familiar é a
garantia de privilégios, como se a ordem fosse: “Para a família, tudo; para o
resto, o que sobrar... Se sobrar.”
Na política,
determinados grupos políticos tendem a exagerar na garantia dos privilégios
para seus familiares, como se eles fossem o centro do universo. Por isso, analistas
concluem que, em ano eleitoral, quando um prefeiturável, líder de um grupo
político, escolhe no dedo um, dois ou mais candidatos a vereador, apenas pelo
critério familiar, corre o risco de enfraquecer a base de apoio.
Ao escolherem
um ou dois candidatos a vereador no meio de 20, 30 ou 60 apoiadores, não é bom
para democracia, nem para a ética, ferindo o princípio da igualdade. É aquela
história dos apadrinhamentos a vereador escolhido, como se fosse o único que
poderá ajudá-lo a se eleger.
Isso
pode fatalmente provocar uma rebelião ou esvaziamento do grupo, levando à
desistência individual ou coletiva, por perceberem que estão sendo “usados”
como escada para elevar uns pouco protegidos pelo suposto líder. Parentes
preferidos dos prefeituraveis ferem a unidade do grupo, tornam-se atitudes
desleais, injustas e tiram a oportunidade de chances iguais para todos.
Em um
ano eleitoral como este, tais desvios de conduta podem gerar um motim, levando à
desistência de mais da metade dos atuais pré-candidatos. Isso pode afetar até o
atingimento do quociente eleitoral. No final, o tal candidato privilegiado pode
até ser bem votado, mas o partido não atingirá o quociente necessário para
garantir a vaga na Câmara.
Tudo
isso pode provocar o famoso “coice de urna”, resultante de ações que buscam
demarcar território, apadrinhando amigo confiável ou principalmente alguém da
família, com a certeza de se eleger. Pré-candidatos a prefeito lançaram ou
pensam lançar alguém da família, uma cunhada, um primo, um irmão e até mesmo um
filho a uma vaga no Legislativo municipal.
Essa
lamentável prática já é recorrente em Mucuri e, no passado recente, já provocou
desde a desistência de postulantes até a falta de fidelidade de vereadores ao
prefeito e seu candidato. Comenta-se que, a prosperar o apadrinhamento, pelas
incertezas jurídicas e políticas que avançam galopantes sem um destino plausível,
muitos fatos desagradáveis podem acontecer, mudando totalmente o rumo das
coisas, como demonstram algumas pesquisas de opinião pública.
Vereador
parente de prefeito direciona execução de obras e serviços, têm preferência
para nomear, arrumar empregos para seus colaboradores e eleitores. Quando eleitos,
pela proximidade do prefeito, também
viram dirigentes de partidos, gestores de empreiteiros, chefes dos secretários
e se intitulam subprefeitos por extensão.
É bom
que todos os prefeituráveis e dirigentes partidários tenham essa noção do atual
contexto político, ou surpresas desagradáveis vão acontecer nas urnas, afinal o
povo não é bobo.
* Elvacy Venâncio dos Santos tem graduação superior em
Marketing, ex-vereador e ex-presidente da Câmara de Mucuri.